"(...) não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver"

Eu, fichada

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filha de dois pais: um fugitivo, o outro desaparecido. Fala alto e ri alto, é curiosa, acredita mais nas causas do que nas pessoas, soluça e lava a alma quando chora, deseja saber muitas palavras, ainda sobe em árvores tortas do Planalto Central, usa reticências redundantes, tenta disfarçar a grosseria, sai pela tangente, vive entre tapas e beijos.

cambada

terça-feira, 28 de junho de 2011

Interjeições


Sorrio todos os dias
mas nem sempre saio de mim
desço as escadas
vou de encontro
ao que não me espera tanto assim
mas sente minha falta
sinto-me estranha
as manhãs sempre são tão bonitas
e olho para o céu
tento adivinhar os tons
que todos os que olham para o céu tentam adivinhar
rosado, laranjado, azulado
penso no mar
aperto o botão do sinaleiro
não espero que fique vermelho
escolho alguém e desejo bom dia
sinto o vento no meu rosto
é inverno e penso na primavera
vou sussurrando versos
que esqueço depois
e sinto falta
penso nas verdades
que me pediram para jurar
mas se é verdade
não faz sentido jurar
tento ser um homem de palavra
e se ao menos eu soubesse tocar violão
ah! amenidades felizes
os fios que dão uma volta inteira no mundo
penso em Andrômeda
não sei o nome das estrelas
mas tenho apelido para algumas
a gente fica lembrando que gostava e queria
desejando gostar e querer
mas não sabe se gosta ou se quer agora mesmo
e sinto-me estranha
às vezes tenho medo da noite
às vezes quero mil e novecentos
às vezes dois mil e quando
serei a pintura cheia de cores que imagino
pingos d'água escorrendo pela barriga
e o Sol
testemunha das memórias ternas
das enternecidas
sou tão impaciente
e consigo ter esperança
paro tímida diante da plateia de sonhos meus
e nas árvores tortas deste cerrado
vou pendurando bombas imaginárias de arco-íris
querendo não abandonar
a certeza que me abandona
eu de joelhos
espero que um dia
o meu mundo fique mais quieto
minha mãe não sabe o que me ensinou
e digo tudo o que quero
assobiando um lá lá lá
digo assim por que hoje
é só o que sei da alma
Sem nenhuma surpresa
percebo que quanto mais calo
tanto mais aprendo a verbalizar.

Um comentário:

Mariana Andrade. disse...

que bom que gostou do blog, fico feliz, de verdade.
sabe, meu dia realmente não foi bom hoje.. tenho tentado achar motivos para escrever coisas doces como aquela ultima, e, de vez em quando, até acho, mas é que a gente se perde tanto no que queria e no que quer, no que esperava e no que espera, no que tinha e no que tem.. que sei lá.. só posso dizer que isso aí que escreveste me fez chorar, de verdade, e que volto aqui pra buscar não só coisas absurdamente lindas, mas reais, como essa.

beijos.