"(...) não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver"

Eu, fichada

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filha de dois pais: um fugitivo, o outro desaparecido. Fala alto e ri alto, é curiosa, acredita mais nas causas do que nas pessoas, soluça e lava a alma quando chora, deseja saber muitas palavras, ainda sobe em árvores tortas do Planalto Central, usa reticências redundantes, tenta disfarçar a grosseria, sai pela tangente, vive entre tapas e beijos.

cambada

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

de quando eu vi uma luz no fim do túnel

Amizade estelar. – Nós éramos amigos e nos tornamos estranhos um para o outro. Mas está bem que seja assim, e não vamos nos ocultar e obscurecer isto, como se fosse motivo de vergonha. Somos dois barcos que possuem, cada qual, seu objetivo e seu caminho; podemos nos cruzar e celebrar juntos uma festa, como já fizemos – e os bons navios ficaram juntos placidamente no mesmo porto e sob o mesmo sol, parecendo haver chegado a seu destino e ter tido um só destino. Mas então a todo-poderosa força de nossa missão nos afastou novamente, em direção a mares e quadrantes diversos, e talvez nunca mais nos vejamos de novo – ou talvez nos vejamos, sim, mas sem nos reconhecermos: os diferentes mares e sóis nos modificaram! Que tenhamos de nos tornar estranhos um para o outro é a lei acima de nós: justamente por isso devemos nos tornar também mais veneráveis um para o outro! Justamente por isso deve-se tornar mais sagrado o pensamento de nossa antiga amizade! Existe provavelmente uma enorme curva invisível, uma órbita estelar em que nossas tão diversas trilhas e metas estejam incluídas como pequenos trajetos – elevemo-nos a esse pensamento! Mas nossa vida é muito breve e nossa vista muito fraca, para podermos ser mais que amigos no sentido dessa elevada possibilidade. – E assim vamos crer em nossa amizade estelar, ainda que tenhamos de ser inimigos na Terra.

Friedrich Nietzsche NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Tradução, notas e prósfácio de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 189-190. Título original: Die fröhliche Wissenschaf. La gaya scienza. 

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