"(...) não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver"

Eu, fichada

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filha de dois pais: um fugitivo, o outro desaparecido. Fala alto e ri alto, é curiosa, acredita mais nas causas do que nas pessoas, soluça e lava a alma quando chora, deseja saber muitas palavras, ainda sobe em árvores tortas do Planalto Central, usa reticências redundantes, tenta disfarçar a grosseria, sai pela tangente, vive entre tapas e beijos.

cambada

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Felicidade começa com fé*


Eu não queria ser ouvida, por isso, pedi que me deixasse em paz.



Não quero que se afaste. E digo isto com a urgência de quem teme ser tarde, baseada e limitada pela ignorância a que minha ansiedade me prende. Quero que lembre-se da sinceridade desesperada com que me entreguei, no passado, quando te conheci e passei a perceber que, até aquele dia, eu não conhecia muitas coisas sobre mim. Desde então, sabendo que eu sempre poderia mentir para qualquer pessoa, mas que contigo eu não tenho essa opção, ainda assim, decidi que diria tudo e que mesmo que não se achasse lealdade, fidelidade e esperança em mim, ainda que a fé se perdesse, eu continuaria te mostrando e dizendo o que conheço como verdade. Não houve barganhas. Foi assim que confessei a minha raiva de você e desejei que me deixasse em paz, que me deixasse sentir sozinha e fazer o que bem entendesse com tudo quanto dependesse da minha vontade.

Perscrutando cada princípio de pensamento, de sonho e vontade, minha origem e minha causa, você até me deixou pistas, inúmeras setas, algumas até apontavam para subterfúgios livres de julgamentos, que eu precisei fugir muitas vezes para recarregar o impulso e voltar mais ou menos inteira. Mas, inteira para quê? Você, talvez esperando que eu admitisse o erro, me viu voltar e insistir no caminho de sofismas que criei para me enganar, desfazendo-me da estrada amarela, cercada de desertos, sim, mas com um céu infinito acima dela, que era o único lugar que, de fato, eu realmente desejava experimentar. Perdi um tempo precioso, é bem verdade.

Só que agora eu sei um pouco mais de mim, das minhas circunstâncias. Maravilhada, identifico o teu encanto e amor que não entendo, que sempre me atraíram muito e que continuam despertando a minha curiosidade. Mas essa minha tendência a procurar explicação não combina com o teu segredo que você guarda para revelar não sei quando. O teu segredo supõe o absurdo, me parece contraditório e, no entanto, é verdadeiro. Você, mais do que eu, sabe que só me interessam as coisas verdadeiras, as que eu puder guardar e levar no espírito, por isso, me apego com muito zelo, mesmo sem haver aprendido, ainda, a virtude de suportar com resignação as dores de não conhecer.

Paz eu não encontrei, mas mantenho a esperança, que é só o que sei, teimosamente, de um jeito que me incomoda, mesmo chorando e sentindo uma tristeza maior do que é, dizendo que eu não espero mais nada e negando que você signifique algo pra mim, eu só sei esperar e confiar nas suas declarações exageradas de amor nada convencional e alheio ao meu entendimento, que não se parece com nenhuma razão universal, mas que causam tremores felizes que assaltam minha alma. Isso, eu jamais poderia ignorar que vem de Deus.


*Título de uma canção de Moacy Franco

3 comentários:

Uhtred Ragnarson disse...

É como se desse para sentir tudo em cada letra...
mto mto bom... mto mesmo...
(palmas)

Anônimo disse...

Lindo texto, parabéns!

:)

Camila F.

Neo disse...

Oi..
Como é bom voltar aqui.
Seus textos são uma delícia e tão reais que chegam a apertar o coração.
Saudades.
Espero que tudo esteja bem com vc.

Bjo

Neo
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